quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Uma Compreensão sobre o Turismo - Vitor Quaranta


Juga-se pelo uso menos vulgar iniciar a presente síntese expressando à notável convergência na qual se deparou no decorrer da investigação sobre o quê é o turismo.

Desconsiderando a abrangência e subjetividade apresentada pelos autores; nota-se que os escritores apresentam um denominador comum definindo o turismo como o deslocamento humano fomentado por decorrência de algum incentivo, dependendo da abordagem, o turismo é apresentado como um deslocamento voluntário, em outro casos, o deslocamento não voluntário também é compreendido como turismo.       
Smith (1988) em sua publicação Hosts and Guests the Anthropologyo of Tourism define o Turismo como o deslocamento voluntario de grupos humanos que, em seu momento ocioso, tem como propósito vivenciar novas experiências em outros ambientes que não seja o seu local de residência.

Segundo o autor, o deslocamento voluntário destes é fomentado por diversos fatores, sem embargo, à atividade submete-se a três elementos fundamentais: lazer, renda e à procura por experiências (transcrito pelo autor como “sensações”, ou sansation, em sua publicação originar na Língua Inglesa).
Notwithstanding, em outra linhagem de pensamento, Cooper et al (2007) afirma que o Turismo deve ser compreendendo através de duas perspectiva, sendo estas: o entendimento do fenômeno na visão dos fornecedores do turismo como um produto e à perspectiva dos compradores que se descolam para um recinto fora do seu local de residência.

Os conceitos apresentados por Cooper et al (2007) sobre às definições do turismo são: a definição da I) Demanda e da II) Oferta.

A demanda no ponto de vista do turismo é empreendida pelas




[...] “atividades de pessoas que viajam para locais que estejam fora de seu ambiente rotineiro a lazer, negócios ou por outros motivos e que neles permanecem por não mais do que um ano consecutivo” (COOPER AT EL, 2007, p.41 apud OMT e UNSTAT[1], 1994).
Apesar das convergências conceituais apresentadas por Cooper at el (2007) e por Smith (1989) no que diz respeito ao deslocamento humano como componente do turismo, os mesmos sujeitos apresentam divergências no que se refere à natureza dos deslocamentos. Cependant, não se concorda com Cooper at el (2007) ao afirmar que os deslocamentos fora do ambiente rotineiro com propósitos profissionais sejam deslocamentos turísticos, pois como afirma Martins e Murad (2010) o foco de indivíduos que viajam a negócios; por exemplo, não é o entretenimento. Ademais, muitas corporações evitam falar de turismo quando se referem a viagens de negócios.
Segundo Cooper at el (2007), Oferta turística consiste [...] “em todas aquelas empresas, organizações e instalações que se propõem a servir às necessidades e aos desejos específicos dos turistas”. (COOPER AT EL, 2007, p.43 apud LEIPER, 1979, p.400), ou ainda [...] “a oferta turística de uma localidade é constituída da soma de todos os produtos e serviços adquiridos ou consumidos pelo turista durante sua estada em uma destinação.” (RUSCHAMANN, 2012, p.134).

A oferta turística de uma localidade é composta por três elementos <Lage e Milone (2000)>, sendo estes: atrativos turísticos, equipamentos e serviços turísticos e infra estrutura de apoio turístico.
Entende-se por atrativos turísticos lugares ou acontecimentos que fomentam o deslocamento voluntário de grupos humanos com fins de conhecê-los. 
Segundo os autores, o atrativo turístico de uma localidade é o fator trigger do deslocamento humano, pois e o grande responsável pelo descolamento da demanda pelo turismo. A existência de atrativos turísticos é o que permite a uma localidade explorar o turismo comercialmente.
Os equipamentos e serviços turísticos disponíveis em uma localidade referem-se à soma de todos os serviços voltados para a atividade turística, dentre estes, pode se mencionar, por exemplo; meios de hospedagem, estabelecimentos alimentares, agências de viagem, centrais de informação turística et sic porro.
Infraestrutura de apoio turístico se refere ao acrônimo de bens que permitem o desenvolvimento da atividade turística, com, por exemplo, os sistemas de transportes, vias de acesso, água, energia elétrica, comunicação et sic porro.
A demanda representa [...] “o máximo que o consumidor pode aspirar, dado sua renda e os preços no mercado”.  De acordo com Page; Connell (2006) a definição de demanda turística pode variar de acordo com perspectiva disciplinar adotada pelo pesquisador.
Page; Connell (2006) Um geógrafo analisa a demanda turística em um contexto espacial avaliando os impactos causados pela demanda no ambiente. Em contraste, o economista analisa a demanda pela pretensão de compra dos turistas por bens e serviços durante um determinado período de tempo. Em outro pensamento, o psicólogo aborda a demanda turística com um foco especial na motivação e comportamento do turista, enquanto antropólogos e sociólogos estudam os impactos do turismo sobre as sociedades que hospedam e os turistas que visitam.

Planejamento Turístico

Segundo Petrocchi, (2008), a função do planejamento no turismo é o de formular estratégias com o fim de permitir que uma localidade obtenha beneficias econômicos e sociais com o advento da atividade; sem que a mesma degrade o meio no qual a atividade se desenvolve.
De acordo com Barretto (2005), o planejamento turístico refere-se à análise e organização de um conjunto de intemperes sociais, econômicas e ambientais; que, para seu desenvolvimento sustentável, estão além de seu incremento financeiro. A participação comunitária durante os complexos processos políticos e socioeconômicos do planejamento turístico são reconhecidos como parte do processo de desenvolvimento do turismo no núcleo receptor. Não obstante, os indicadores sugerem [...] “que o movimento em favor do planejamento” do turismo [...] “com base no empowerment da comunidade é muito limitado” e que o [...] “envolvimento da comunidade está sendo controlado de” maneira tirânica[2] [...] “e não para promover a integração”. (Bahaire e Elliott-White, p. 270, 1999).
O planejamento sustentável será plenamente logrado quando o bem-estar da comunidade for considerado o principal objetivo por parte dos encarregados da gestão pública.  
Segundo Ruschmann (1997), o planejamento nas organizações públicas não pode ser medido através de indicadores quantitativo, pois diante de amplitude e da variedade das ações de cada um dos setores; seu desenvolvimento não pode ser interpretado através de análises subjetivas, mas sim a partir de um acrônimo de intemperes. [...] “No turismo cabe ao Estado zelar pelo planejamento e pela legislação necessária ao desenvolvimento da infraestrutura básica que proporcionará o bem-estar da população residente e dos turistas”. Além disso, o Governo deve atuar em contubérnio com os organismos privados com o fim de atender suas metas e preservar o patrimônio da localidade, isto é, seus recursos naturais, psicossociais e culturais.
Todos os organismos responsáveis pela organização do turismo devem

“criar condições que facilitem e regulamente o funcionamento dos serviços e equipamentos nas destinações; necessários ao atendimento das necessidades e dos desejos dos turistas; geralmente, a cargo de empresas privadas” (Ruschmann, p.84, 1997). 

Compartilha-se o pensamento sobre a importância do planejamento turístico às perspectivas de Oliveira (2015). Segundo afirma o autor, os principais objetivos do planejamento turístico são:
  1. Ofertar os incentivos necessários para o surgimento e desenvolvimento de equipamentos turísticos;
  2. Minimizar o envelhecimento e degradação dos recursos locais sobre os quais o turismo se estrutura;
  3. Garantir o cumprimento dos padrões legais definidos no setor;
  4. Promover o desenvolvimento sustentável.  
Estima-se que os resultados almejados por parte dos organismos responsáveis pelo planejamento do turismo seja o de encontrar o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e sustentabilidade; preservar a cultura regional e garantir a integração participativa da comunidade receptora com o turismo. Acredita-se também que desenvolvimento planejado do turismo possa promover e resgatar a memória e as tradições da localidade; desenvolvendo o destino sem fazer que o recinto perca sua unanimidade.    


[1] As siglas utilizadas no texto se referem à Organização Mundial do Turismo (OMT) e a Divisão Estatística das Nações Unidas ou United Nations Statistics Division  (UNSTAT), em seu titulo original  em inglês.
[2]Segundo John Locke, [...] “a tirania consiste em exercer o poder além do direito legítimo, o que a ninguém poderia ser permitido. É isto que ocorre cada vez que alguém usa do poder que detém, não para o bem daqueles sobre os quais ele o exerce, mas para sua vantagem pessoal e particular” (LOCKE, p. 90, 2004).  

Referencia

RUSCHMANN, D. V. D. M. Turismo e Planejamento Sustentável: A Proteção do Meio Ambiente. 16. Ed. Papiros, Campinas, São Paulo, 2012.
SMITH, V. L. Hosts and Guests: The Anthropology of Tourismo. 2 Ed. University of Pennsylvania Press, Philadelphia, United States of America, 1989.
PAGE, Stephan, J.; CONNELL, Joanne. Tourism: A Modern Synthesis. 2. Ed. Thomson, Bath, United Kingdom, 2006.
COOPER, Chis ... [et al.]. ; Turismo: Princípios e Praticas. Tradução Alexandre Salvaterra – 3. Ed. Bookman, Porto Alegre, Brasil, 2007.
LAGE, Beatriz. H. G.; MILONE, Paulo. C. Fundamentos Econômicos de Turismo. In: LAGE, Beatriz. H. G.; MILONE, Paulo. C. (Orgs.) Turismo: Teoria e Prática. Atlas, São Paulo, 2000.
BARRETTO, Margarita. Planejamento Responsável do Turismo / Margarita Barretto. – Campinas, SP: Papirus – (Coleção Turismo), 2005.
LOCKE, John. Segundo Tratado Sobre o Governo Civil. Club do Livro Liberal. Ed. Vozes. São Paulo, 2004.
OLIVEIRA,D. B. A Importância do Planejamento Turístico. Revista Turismo, Artigos. São Paulo, 2015. Disponível em: < http://www.revistaturismo.com.br/artigos/planturistico.html>